quinta-feira, novembro 25, 2010

POR UM DIA SEM DOR

SAÚDE/BEM-ESTAR
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Por um dia sem dor
- Estima-se que 12% a 15% da população entre 20 e 40 anos sofra com a enxaqueca, doença herdada geneticamente
A dor de cabeça, cientificamente conhecida como cefaléia e definida como a presença de sensação dolorosa na cabeça, pescoço e na face, acaba por ter um impacto econômico e social em 15% da população adulta mundial em países ocidentais. Com a intensidade e a diversidade dos tipos, hoje é possível tratá-las de forma a reduzir os sintomas e as ocorrências.
“Tratamentos alternativos são úteis, como complementos das drogas preventivas.”, afirmou o neurologista Abouch Krymchantowski, formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com residência médica em neurologia no Centro Médico Naval (Hospital Naval Marcilio Dias), mestrado e doutorado em Neurologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro das Sociedades Internacional, Americana e Brasileira de Cefaléia. Segundo o neurologista, a acupuntura e algumas técnicas de relaxamento são métodos comprovados para reduzir a dor.
Em muitos casos, como relata a jornalista e repórter do jornal Agora São Paulo do Grupo Folha, Carol Rocha, 30, o sintoma vem acompanhado de náuseas e enjoos. “Sinto muita pontada do lado direito da cabeça, sinto vontade de, literalmente, bater a cabeça na parede. Ás vezes fico dando murrinhos na cabeça para ver se a dor passa”, disse. A secretária executiva Melissa Barros Salomon, 30, reclama de dor na parte da nuca. “Tem dia que fico com dor durante uns 3 dias, quando está muito forte, dá náuseas”; explica que ingere remédios e o sintoma interfere em tudo.
              Como medidas alternativas, muitas pessoas procuram um médico acupunturista, afirmou a médica Arlete Bernardes Prandina, com Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Acupuntura, enaltecendo que as aplicações de agulhas finas são feitas em determinados pontos do corpo, com efetividade e possível cura da cefaléia. “A acupuntura pode ser um tratamento paralelo ao medicamentoso, dependendo da causa da dor de cabeça, dos fatores genéticos e da cronicidade. Cada caso deve ser avaliado individualmente e criteriosamente”, afirmou.
Apesar de a classificação atual das dores de cabeça enumerar mais de 150 tipos diferentes, as mais importantes, mas não tão comuns como a enxaqueca, são: a enxaqueca com aura - associada à maior prevalência de acidentes vasculares isquêmicos, sobretudo se a paciente é mulher, fuma, usa pílula e tem varizes de membros inferiores; do modo tensional com prevalência na população de 65% a 87% e que se divide em episódica (87%) e crônica (3% da população); hemicrania paroxística – crises semelhantes às da cefaléia e em salvas com dor unilateral, também provocada por desequilíbrios no funcionamento químico do cérebro; em salvas de 0,1% a 0,4%, e primárias, comuns e secundárias. As origens dos sintomas em “salvas” são desconhecidas, podendo ser caracterizadas por uma disfunção em um núcleo de uma importante estrutura cerebral, o hipotálamo.
Os fatores desencadeantes da cefaléia tensional muitas vezes advêm do estresse ou cansaço, ocasionada mais nas mulheres. "A dor do tipo tensional é em pressão, difusa na cabeça, bilateral, sem sintomas associados e pode melhorar com exercícios físicos", assim esclareceu o neurologista sobre as características deste tipo, que pertence ao grupo das funcionais e não orgânicas (enxaqueca, tensional e em salvas) que, felizmente, abrange 90% das ocorrências.  “Quando tenho dor, a mesma não é associada à fome, sono e cansaço. Estes três fatores não me acarretam a dor, não tendo nada a ver”, diz Eliseu Zanelatto, bacharel em Engenharia Civil pela Escola de Eng. de Piracicaba.

    Os outros casos que significam 10% situam-se entre os inúmeros outros tipos de cefaléia, incluindo alguns causados por doenças consideradas graves, da própria cabeça ou de outras partes do corpo. Estas, mesmo que em minoria, precisam ser excluídas e afastadas, pois podem levar à morte se não forem tratadas a tempo. Ocorrem diferentemente da enxaqueca que tem como motivos principais o estresse, a menstruação, determinados alimentos, o álcool, mudanças de clima, luz e cheiros, sendo agravadas por movimentos físicos.
    Do mesmo modo, as sinusites crônicas agudas podem provocar dores de cabeça intensas e desagradáveis, porém, aliadas a outros sintomas, tais como febre, entupimento nasal, e intensidade maior ao abaixar-se a cabeça. “Qualquer processo de sinusite pode acarretar uma sensibilidade desagradável percebida como dor.”, comentou Andrei Borin, Médico-Otorrinolaringologista, Mestre e Doutor pela UNIFESP/EPM. Segundo Borin, apesar de a cefaléia poder ser acarretada pela sinusite crônica, não marca uma relevância no seu diagnóstico. Pois é bem mais típico da sinusite a presença de coriza anterior ou posterior à tosse noturna, além de outros sintomas menores como a obstrução nasal e congestão na face.
Para facilitar e diminuir a ocorrência e o incômodo com os sinais da cefaléia, a procura por medicamentos analgésicos no mercado farmacêutico significa cerca de 45% de todas as vendas mensais, mostrando a pequena procura por médicos neurologistas que são os especialistas na área. “Dentre os mais procurados estão a Neosaldina, o Tylenol e o Magnopyrol (marcas registradas), como também analgésicos e relaxantes musculares como o Dorflex”, contou o gerente e farmacêutico responsável Luis Carlos Jorge Júnior da Drogaria Vitória de Monte Alto, São Paulo. “Perdura normalmente até que o analgésico surta efeito, quase nunca passa sozinha”, relatou Maria Helena Zanelatto, Bacharel em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP, com 33 anos de atuação na área de Seleção e Orientação Profissional., em relação à auto-medicação ao perceber sensações bastantes fortes, como algo apertando a sua cabeça.
O cuidado com a saúde é imprescindível para com a enxaqueca, pois a má alimentação faz com que haja um desequilíbrio químico no organismo. É importante evitar os alimentos congelados e industrializados, o leite, o chocolate, café e refrigerantes, entre muitos outros que são agravantes, e também ter um sono regular.
"Os sintomas, entre eles, as crises de dor de cabeça, podem desaparecer e o fazem muitas vezes com o tratamento correto", disse Krymchantowski. No sentido claro da palavra, não há a cura, por ser um incômodo bioquímico do cérebro. Porém, os tratamentos corretos e eficientes podem reduzir a incidência, intensidade e duração de crises em mais de 90%. Com o decorrer dos anos e por mecanismos que ainda são controversos, as crises de dor podem desaparecer.

LEGENDA: A médica Arlete Prandina mostra como é a aplicação de agulhas em uma sessão de acupuntura.

Por Lorena Ferreira Zanelatto